segunda-feira, 8 de julho de 2013

Cidadão Boilesen

Cidadão Boilesen (Brasil, 2009) – Nota 8
Direção – Chaim Litewski
Documentário

Henning Albert Boilesen foi uma imigrante dinamarquês que chegou no Brasil nos anos quarenta após se casar com a filha de um diplomata de seu país. Formando em Administração de Empresas, não demorou para conseguir empregos em empresas de renome, entrando na Companhia Ultragaz em 1952, onde fez carreira até chegar ao posto de presidente.

Sua história poderia de ser um executivo qualquer, porém seu nome ficou marcado por ter sido um dos empresários que mais apoiou a ditadura militar no Brasil, fato que lhe custou a própria ao ser assassinado por militantes de esquerda em 1971. 

O documentário traça um perfil completo de Boilesen, através de depoimentos de amigos, inimigos, de seu filho e de pessoas ligadas à ditadura que conviveram com ele, além de uma visita a sua cidade natal na Dinamarca, onde uma pesquisa sobre sua vida quando criança mostra uma história bem diferente de um perfil traçado por uma reportagem da revista Veja quando Boilesen estava vivo. 

Sua participação de apoio a ditadura foi efetiva, ele foi uma espécie de tesoureiro que arrecadava dinheiro de outros empresários para ser repassado ao governo e utilizado para financiar a famigerada “OBAN”, a Operação Bandeirantes, que perseguiu e assassinou diversos militantes de esquerda, inclusive muitos que sequer faziam parte da luta armada. O doc cita que reuniões para arrecadação de fundos eram feitas no próprio edifício da FIESP, com a participação de um grande número de empresários, além do então Ministro da Fazenda Delfim Neto. 

O que diferenciou Boilesen de outros empresários, foi sua participação ativa nas sessões de tortura, tendo inclusive importado uma máquina de choques elétricos que era acionada por um teclado e que ganhou o infame apelido de “Pianola de Boilesen”. 

O documentário se torna obrigatório por tocar num tema que foi varrido para debaixo do tapete da história, a participação de grandes empresários apoiando a ditadura. São citados Amador Aguiar que foi fundador do Bradesco, Sebastião Correa da construtora Camargo Correa, Luís Eulálio de Bueno Vidigal que hoje dá nome ao prédio da FIESP, entre outros, além da informação de que caminhões de entrega de gás da Ultragaz e carros do Jornal Folha de São Paulo que foram utilizados como apoio da OBAN durante as operações policiais. 

É uma revoltante história que ajuda a entender porque não devemos confiar nos governos e nas grandes empresas.

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