quarta-feira, 11 de junho de 2014

A Caminho da Copa

A Caminho da Copa (Brasil, 2012) – Nota 7
Direção – Carolina Caffé & Florence Rodrigues
Documentário

A Copa do Mundo começa amanhã e por mais triste que pareça, este evento que em tese serviria para unir, na realidade ajudou a dividir o Brasil de uma forma terrível. Protestos, manifestações, quebra-quebra e discussões nas redes sociais são exemplos de como este partido que governa o país há quase doze anos fomentou o ódio entre a população para benefício próprio, utilizando o estilo “dividir para conquistar”. Mesmo não acreditando nos outros partidos políticos também, não é possível manter as coisas como estão, a mudança precisa ocorrer nas próximas eleições, mais quatro anos com este tipo de governo será trágico para o país e a população.

Aqui em SP praticamente não existe clima de Copa do Mundo, entendo que se a seleção começar a vencer a festa vai surgir naturalmente, mas isso não esconderá o descontentamento de grande parte da população. 

Este documentário produzido em 2012 não tem uma grande qualidade analisando como cinema, mas por outro lado mostra alguns exemplos das absurdas desapropriações ocorridas em SP e no Rio de Janeiro para as obras da Copa e também das Olimpíadas de 2016. Esta expulsão da população carente de áreas onde os governos federais, estaduais e municipais desejam construir suas obras ocorreram em todas as sedes da Copa. Nas doze cidades do evento, milhares de famílias foram tratadas como objetos e removidas praticamente à força. 

Alguns dos entrevistados criticam com veemência esta situação, o jornalista Juca Kfouri, o professor Carlos Vainer e a socióloga Raquel Rolnik são vozes poderosas contra a situação, a última por sinal cita que a escolha de desapropriação de áreas onde vivem a população pobre é uma questão para diminuir o gasto público e valorizar os terrenos para lucro das incorporadoras e construtoras, ou seja, a maldita especulação imobiliária. 

Por outro lado, dois outros entrevistados dão depoimentos lamentáveis. Um tal de Toni Sando, citado como empresário do ramo hoteleiro, diz que “o mundo cruel” e “tirar a sujeira das ruas (no caso os pobres)” é algo normal para se mostrar aos convidados (os turistas). O outro sujeito é um vereador que não vale a pena sequer citar o nome, um dos principais articuladores do governo que faz a ligação com os clubes de futebol e federações, que aqui desdenha das reclamações das pessoas que foram desapropriadas. 

Quando o Brasil foi escolhido em 2007 para sediar a Copa, era fácil prever que seria uma verdadeira farra de dinheiro público sendo gasto, o que pessoa alguma sabia era o montante, que hoje aparentemente chega a 11 bilhões. Não esqueçam que as contas ainda não fecharam e que teremos mais dois anos de gastos para as Olimpíadas.

Para quem quiser ver o documentário, ele está disponível no Youtube neste link.

Indico também este outro link onde o comediante e apresentador inglês John Oliver explica de modo bem humorado e sarcástico como a FIFA está se aproveitando do Brasil para lucrar bilhões.

Agradeço a amiga Amanda do site CinePipocaCult por indicar este documentário.

2 comentários:

Amanda Aouad disse...

De nada, nossa função é essa mesmo, divulgar. E você já me apresentou diversas pérolas. :)

Quanto ao doc, como você disse, a importância aqui não é cinematográfica, mas de denúncia mesmo. A desapropriação das casas acho que é o que mais chama a atenção, principalmente em São Paulo, onde já existia tantos estádios.

bjs

Hugo disse...

Amanda - A construção dos vários estádios foram desculpas para enriquecer poucos com dinheiro público. Nas desapropriações as pessoas foram tratadas como descartáveis, como infelizmente nossos governantes sempre fazem.

Bjos